
A frase “Do céu para o inferno” talvez resuma bem a história envolvendo o vice-governador do Mato Grosso, Otaviano Pivetta (sem partido). Empresário milionário, ele pagou fiança para não ser preso e tenta abafar o caso que acaba explodindo nas redes sociais. Como descreve Ricardo Noblat nesta terça-feira, quando a revista Forbes publicou em 2014 a lista dos cinco políticos brasileiros mais ricos, Pivetta estava entre eles. Gaúcho, o então prefeito de Lucas do Rio Verde era o quarto mais afortunado, à frente de Paulo Maluf, ex-governador de São Paulo. O patrimônio líquido girava em torno de 100 milhões de dólares. Origem da fortuna: o agronegócio.
Desde o dia 7 de julho, a vida dele virou de cabeça para baixo. Pivetta foi acusado pela esposa de tê-la espancado. A advogada Viviane Cristina Kawamoto, com quem ele é casado há dois anos, diz ter sido agredida na casa do casal em Itapema, litoral de Santa Catarina. O vice-governador tem 62 anos, é pai de seis filhos e avô de quatro netos. O laudo de corpo de delito foi divulgado ontem (2). Feito pelos bombeiros, o documento comprovou a agressão. São escoriações e hematomas na testa, braços e coxas de Viviane. Ela ligou para a Polícia. Os dois foram levados para a delegacia. Ele pagou cerca de R$ 6,6 mil e foi embora da delegacia na madrugada do dia seguinte. Pivetta foi indiciado por crime de lesão corporal leve e responderá à ação no Fórum Criminal do município catarinense. A Justiça já abriu prazo para que o Ministério Público se manifeste.
Segundo o jornalista, a partir daí o agressor usou o peso político do seu cargo e se valeu da fortuna para impedir que o caso repercutisse no Mato Grosso. Contou com a ajuda do governador Mauro Mendes (DEM), candidato à reeleição no próximo ano, que pretende mantê-lo como vice na chapa; e também de outros políticos. Embora o casal passou a negar o fato, a postagem da primeira dama do MT, Vírginia Mendes, ontem, manifestando apoio à Viviane, dizendo “Você não está sozinha”, reacendeu a polêmica. Viviane culpa a secretária de Comunicação do Estado do Mato Grosso, Laice Souza, de tê-la pressionado a gravar um vídeo mentiroso. Na sequencia, postou uma foto da perna direita com marcas dos golpes que recebeu. “Pivetta avançou pela madrugada tentando reduzir os estragos à sua imagem. O que mais ele teme é ser enquadrado na Lei Maria da Penha, que pune atos de violência contra a mulher. No próximo sábado, a lei completará 15 anos”, diz Noblat.