
Protagonista de uma situação constrangedora ontem na CPI da Covid, em Brasília, o deputado federal paranaense Reinhold Stephanes Junior (PSD), expulso da sessão onde ocorria depoimento por gravar um vídeo criticando a atuação dos senadores, seria um conhecido causador de confusões, segundo relata Vladimir de França, militante do PT, hoje morando em Maringá.
A fama de agressivo viria dos tempos de universitário durante a militância no movimento estudantil em Curitiba, onde França residia. Em pelo menos três situações, o comportamento de Reinhold Junior teria sido reprovável, em todas franqueando agressões das chapas montadas por ele contra os concorrentes. Assim teria ocorrido nas derrotas pela disputa do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o hoje deputado estudava Economia, e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e pelo comando da União Paranaense dos Estudantes (UPE).
Mas, as circunstâncias lembradas por França, na época membro do PCB, são mais específicas na disputa pelo DCE da PUC, em Curitiba. Reinhold mostrou que não sabia perder. Ele montou uma chapa com o nome “Caravelas”. Segundo França, que militava em chapa concorrente, as camisetas da Caravela estampavam na frente os dizeres “UDR Jovem”, em alusão à antiga União Democrática Rural, movimento conservador do campo, defensor do direito à propriedade e contra a reforma agrária.
França concorria pela chapa Novos Rumos, também de oposição, e diz que no dia da eleição membros de seu grupo sofreram agressões do pessoal ligado a Reinhold, coordenador da Caravelas. A pedido da Reitoria, a polícia militar interveio no processo. “Mesmo assim, as agressões continuaram em alguns blocos da PUC”, conta o militante petista, que lembra ter tido o apoio de estudantes da Universidade Federal do Paraná e também de entidades como a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES).
A Novos Rumos venceu por 43 votos. “Quando saiu o resultado, eles patrocinaram um quebra quebra, arrebentando as portas de vidro do bloco de humanas e agredindo alguns professores”, afirma França, dizendo que seu grupo registrou boletim de ocorrência na polícia. A tensão na noite da apuração, que entrou madrugada adentro, foi atenuada com o suporte dado por partidos de esquerda PCB e PC do B. “Portanto, esse deputado federal é adepto de atitudes agressivas e criminosas quando é derrotado”, acusa.
No caso de ontem, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede) informaria o episódio ao presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), para as devidas providências. O senador também pediu que o fato fosse oficiado pela secretaria da Comissão ao conselho de ética da Câmara.