Professora morta por Covid lutava pelo ensino público de qualidade

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Zilda dos Santos Kuritza, de 65 anos, morreu ontem à noite por complicações da Covid-19. Ela morava em Guaratuba, para onde havia sido transferida de um colégio estadual maringaense. Antes, se aposentou na rede municipal de ensino de Maringá. No feriado do Dia das Mães, Zilda viajou para Maringá já com sintomas da doença. Acabou sendo internada num hospital da cidade, mas não resistiu. A professora não chegou a tomar a primeira dose da anti-Covid. Um dia antes, ela manifestou sintomas parecidos com os da renite e, na vez de se vacinar, comentou o fato, quando foi aconselhada pela enfermeira a se consultar. Era a Covid-19. O calendário de imunização em Guaratuba seguia o do governo estadual, como faz Maringá, mas havia sofrido alguns atrasos. Graduada em Pedagogia pela UEM, Zilda sempre foi envolvida na luta por uma educação pública de qualidade, vindo a participar do movimento sindical da categoria. A pedido do líder do prefeito na Câmara Municipal, Alex Chaves (MDB), os vereadores fizeram um minuto de silêncio em homenagem póstuma à professora na sessão de hoje no legislativo maringaense. Ela era muito querida na categoria. A morte causou comoção nas redes sociais. A postagem de uma amiga lamenta a morte da professora e o fato de as duas terem se encontrado há pouco sem poder se abraçarem, para depois citar uma frase do poeta Fabrício Carpinejar: “Nunca teremos tempo para nos despedir direito. Capriche nos encontros imperfeitos”. Uma das mensagens mais emocionantes, porém, foi a de um grupo público no Facebook ligado ao Colégio Estadual Gratulino de Freitas, onde Zilda dava aulas, em Guaratuba. Diz o texto: “Hoje o dia do Colégio Gratulino amanheceu cinza… O início da madrugada nos acordou com a triste notícia da perda da nossa colega Zilda. Dia 20 de maio, data em que se comemora o Dia da Pedagoga, ela pedagoga, professora do Curso de Formação de Docentes, nos marca a data com memórias do belo trabalho exercido em nosso colégio, mas nos embarga a voz com sua ausência. A COVID nos tirou não apenas uma profissional mas levou uma amiga com seu sorriso esplêndido. Um momento que deixa a todos, Direção, equipe pedagógica, professores, funcionários e alunos sem saber como agir e nos resta a frieza de dar a notícia aos alunos por whats ou pelo face. A COVID não nos tira apenas as pessoas, leva consigo a despedida solitária… Gostariamos muito de dar e sentir abraços calorosos para juntos nos solidariezarmos a dor da perda repentina, ao contrário disso, cada um sofre em seu lar, sem o conforto dos amigos ou colegas. Enfim tristeza é o que nos resta em um mundo pandemico que nos ensinou a despedida e o choro virtual. Hoje as aulas pelo meet são do mais profundo silêncio, ou apenas trocas de olhares, lágrimas e palavras de conforto”. (Atualizado às 19h55)


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