
Estudos divulgados ontem pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostram que o Brasil é o país com maior número de jornalistas mortos por Covid-19 no mundo. Trata-se de um dossiê referente ao primeiro trimestre de 2021. Segundo levantamento elaborado pelo Departamento de Saúde da entidade, a partir de notícias e de acompanhamento pelos sindicatos da categoria no país, 169 jornalistas profissionais morreram entre abril de 2020 e março de 2021. O dossiê também mostra que em três meses o número de mortes neste ano supera todo o ano de 2020, quando foram registradas 78 mortes de abril a dezembro. Neste ano, são 86 vítimas, percentual 8,6% maior que no total de 2020. Não bastassem o medo e o perigo da exposição ao novo coronavírus, ainda há o pesadelo da perseguição e ameaças, pois a violência contra jornalistas cresceu 105,77% no ano passado, com o presidente Jair Bolsonaro liderando os ataques. Conforme a própria Fenaj, 2020 acabou sendo o mais violento desde o começo da década de 1990. Foram 428 casos de ataques, incluindo dois assassinatos. Sozinho, Bolsonaro respondeu por 175 registros de violência contra a categoria (40,89% do total de 428 casos): 145 ataques genéricos e generalizados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta a jornalistas, uma ameaça à Globo e dois ataques à Fenaj. Diante de tudo isso e mais a degradação das condições de trabalho, salários infames e desonrosos, fica a pergunta: hoje, 7 de abril, no dia do Jornalista, há razões para a comemoração?