Decisão do STF vai beneficiar jornalistas feridos em cobertura

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Alex ferido por bala de borracha há 11 anos e hoje. Foto/Caio Guatelli e Sérgio Silva

A decisão do STF pela condenação do Estado a indenizar o fotógrafo Alex Silveira cria jurisprudência e beneficia outros profissionais que, em serviço, como ele, foram vítimas da violência da polícia, a quem cabia proteger os cidadãos em nome do Estado. O caso foi encerrado na quinta-feira com voto contrário apenas do ministro Nunes Marques. Alex perdeu a visão em 2000 após ter sido atingido por uma bala de borracha quando fazia cobertura jornalística para o jornal Agora São Paulo (Grupo Folha) de uma manifestação em São Paulo. A corte entendeu que culpar o profissional de imprensa pelo incidente, como havia decidido o Tribunal de Justiça de SP, fere o exercício da profissão e endossa a ação desproporcional de forças de segurança. Sérgio Silva, fotógrafo que perdeu um olho ao cobrir protesto em 2013, também em SP, é um caso típico. Não bastasse a pandemia, que obriga repórteres e fotógrafos a se desdobraram em condições precárias quase sempre, o Brasil teve uma explosão de violência contra jornalistas a partir da ascensão de Jair Bolsonaro à presidência. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas, 2020 foi o mais violento desde o começo da década de 1990, início da pesquisa. Foram 428 casos de ataques, incluindo dois assassinatos, perfazendo aumento de 105,77% em relação a 2019, ano em que também cresceram as violações à liberdade de imprensa no país.


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