Exército faz corpo mole nas buscas por Bruno e Dom Philips

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Parece incrível, surreal: o Exército brasileiro iniciou as buscas pelo paradeiro do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips com 48 horas de atraso. Ou seja, dois dias depois do desaparecimento. Não se sabe se este atraso é despreparo ou simples desinteresse. Ontem (7), o Exército anunciou o deslocamento de um ou dois pequenos barcos com soldados que se juntaram às buscas. Bruno e Phillips foram vistos pela última vez no rio Itacoaí, entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas. Só no começo da tarde de ontem é que o Exército, atualizando nota, comunicou reforço do efetivo na região do desaparecimento: havia enviado um helicóptero de Manaus a Tabatinga para ajudar a Polícia Federal nas buscas. Cobrado por jornalistas, o Comando Militar da Amazônia (CMA) disse que estava “em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história”, mas que as ações seriam iniciadas “mediante acionamento por parte do Escalão Superior”. O CMA é a menina dos olhos do general de pijamas linha dura Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Também foi comandado por Eduardo Villas Bôas, que saiu da corporação para chefiar todo o Exército em 2015. Estrategista de Twitter, Villas Bôas foi o grande responsável pela eleição de Jair Bolsonaro, segundo o próprio presidente. O 8° Batalhão de Infantaria de Selva, o Comando de Fronteira Solimões, sediado em Tabatinga, a maior cidade da região, tem poder de polícia na faixa de fronteira e autonomia para atuar sem autorização do “Escalão Superior”, segundo o coronel Marcelo Pimentel, oficial da reserva que condena a aliança entre o Exército e o bolsonarismo. A região do desaparecimento de Bruno e Philips, nas proximidades do Brasil com a Colômbia e o Peru, é área cobiçada pelos madeireiros e garimpeiros por terras indígenas e a floresta, e também é rota do narcotráfico internacional. Ainda ontem, o jornalista britânico Jonathan Watts, editor do jornal britânico The Guardian, onde Philips trabalha, postou: “Informações vindas do Vale do Javari falam em ZERO apoio dos militares e da polícia brasileiros nas buscas de hoje por Dom Phillips e Bruno Pereira”.


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