Em áudio nas redes, médico de Maringá desabafa: “vai morrer muita, muita gente”

Compartilhe;

Circula nas redes sociais um áudio atribuído a um médico cardiologista de Maringá em que ele, sem meias palavras, faz um alerta sobre a catástrofe que se avizinha na cidade por conta da Covid-19. Primeiro, ele critica o fato de estar vendo muita gente sem “autoridade científica nenhuma” propagando o uso de remédios “experimentais”, sem eficácia e com potencial danoso para as pessoas. Linha de frente no enfrentamento à doença, o cardiologista diz que o esgotamento do sistema de internações nas UTIs da cidade é fruto do comportamento da população. “Nós continuamos a fazer churrasquinho porque a gente não tem medo. Continuamos se agrupando, se abraçando para tirar fotos, seja de máscara ou sem máscara. Ficamos fazendo um monte de merda o tempo inteiro. Fomos todos alertados por profissionais competentes, gente séria, gente que trabalha de acordo com os princípios da ciência”, adverte. Segundo o médico, o que está acontecendo agora foi anunciado. “A gente curtiu o Natal, curtiu o Ano Novo. O pessoal foi tirar férias na praia, foi nadar em Porto Rico, foi curtir o Carnaval, e agora tem que pagar a conta”, diz. Ele aconselha os atletas do ciclismo a suspender os treinos, pois “se sofrerem um acidente de bicicleta vocês vão morrer na rua”, pelo simples fato de que não há nem leitos de enfermarias disponíveis. “Eu não gosto de torcer pelo fim do mundo porque, se o mundo acabar de fato, não vou poder chegar lá no final e falar: ‘viu, eu falei que o mundo ia acabar’”. E continua: “O conselho para todo mundo é: se cuida! Vai dar merda muito grande. Hoje eu não tenho como atender uma pessoa com infarto”, conta o cardiologista. Conforme ele, as UTIs da cidade não tem 100% de ocupação, mas sim “120, 130, 150 por cento de ocupação. Vai demorar semanas até conseguir desocupar isso aí”. No final, o médico fala que havia acabado de sair de um hospital e visto uma pessoa ser intubada no quarto comum [enfermaria], onde foi improvisado um respirador. De acordo com ele, não tem para onde levar esta pessoa. Ela vai ficar intubada dentro do quarto. O paciente não tem 40 anos, segundo o cardiologista.


Compartilhe;