
Jornalistas combatem e são combatidos. Neste momento, combatem em nome da ciência e do progresso da humanidade. Apuram informações e divulgam a notícia mais próxima da verdade, para que a populaçao possa saber o que de fato está acontecendo. Neste cenário de pandemia, nunca os jornalistas trabalharam tanto. E quando não enfrentam a adversidade gerada pelo risco da exposição ao vírus nas ruas, eles se deparam com a truculência dos que não respeitam e não valorizam o trabalho da imprensa. Sim, jornalistas são trabalhadores como quaisquer outros. Para o bom funcionamento da frágil democracia brasileira, a atuação destes profissionais nunca foi tão vital, ao lado, claro, dos profissionais de saúde, especialmente os bravos e heróicos da linha de frente ao enfrentamento da Covid-19. Dito isso, é de se perguntar se os jornalistas estão sendo respeitados pela classe patronal no que diz respeito às condições ideiais de trabalho e, principalmente, de salários. Resposta: não. Mais uma vez está ocorrendo um duro e penoso processo para convencer o patronato sobre a justa renovação da convenção coletiva de trabalho. No dia 8 de julho ficou evidente que, além de se negarem a pagar a reposição dos salários por conta da inflação, os empresários ainda querem retirar direitos da categoria. A assembleia foi convocada pelos dois sindicatos representantes dos jornalistas no Paraná, engajados numa luta unificada para a campanha deste ano. “Estamos cansados desta falta de respeito e ver o empresário não se importar com a condição de vida dos trabalhadores”, destaca Gustavo Henrique Vidal, diretor-presidente do Sindijor-PR. As principais reivindicações neste ano são a reposição da inflação de 7,59% e a ajuda de custo para o teletrabalho. Ambas são alvo do descaso patronal. Sem sinalizar alguma compensação pelas despesas assumidas pelos jornalistas no home office, os empresários ainda ofereceram 1% de reposição. A falta de respeito patronal se revela também com o fim do anuênio (negado na negociação de 2020), a retirada dos critérios para demissão e a redução da hora extra para 50%. “Talvez essa tenha sido uma das piores propostas que já vimos, só que os jornalistas deram um basta ao ataque dos patrões. Toda categoria está ciente da situação das empresas, mas não pode abrir mãos de direitos que estavam acordados, o que inclui a manutenção do anuênio”, diz Ticianna Mujalli, presidente do Sindijor Norte PR. Em nova rodada de negociação, ontem (13), quando os patrões foram informados sobre o resultado da assembleia unificada do dia 8, o impasse persistiu. Dirigentes do Sindijor-PR e do Sindijor Norte PR foram recebidos novamente por advogado dos sindicatos patronais, que se restringiu a apresentar informações, sem avançar na negociação. As entidades sindicais foram informadas que uma reunião entre os representantes das empresas ocorrerá apenas no início de agosto, três meses depois da data-base.