
Com transmissão pelo Youtube, um debate na sexta-feira (10), às 9 horas, organizado pela Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Maringá, vai discutir a abolvição do tenente-coronel e médico da Polícia Militar do Paraná, Fernando Dias Lima, conhecido como “Doutor Bacana”, acusado de abusar sexualmente mais de 40 mulheres.
Como a absolvição dele pela Justiça Militar, em junho, ainda repercute de forma negativa, a ideia da mesa redonda, seguida de uma mobilização em apoio às vítimas, é aprovar uma Carta Aberta endereçada ao Tribunal de Justiça do Paraná solicitando a reforma integral da sentença.
Promovido em conjunto com a Câmara local, o evento reunirá autoridades civis e militares. A debatedora será a procuradora da Mulher no Legislativo de Maringá, vereadora Professora Ana Lúcia (PDT). É o primeiro evento público do órgão criado em junho pela Câmara Municipal.
O médico teria usado os consultórios dos quartéis para abusar sexualmente de mulheres entre 2011 e 2018. O caso foi mostrado pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Além de consultas regulares, “Doutor Bacana” prestava atendimentos de emergência dentro dos quartéis e validava para a PM atestados assinados por médicos civis. Ou seja, mais cedo ou mais tarde todo policial militar da região tinha que passar pelo local.
Antes das denúncias, Lima tinha sido vereador de Cascavel e candidato à vice prefeitura da cidade com o nome de Fernando Bacana. O Ministério Público o denunciou por atentado violento ao pudor e assédio sexual, em batalhões de Cascavel e Foz do Iguaçu e na Academia Policial do Guatupê, em São José dos Pinhais.
Entre as vítimas do médico estão recrutas, soldados, cabos e esposas de policiais militares que se consultavam nos quartéis. A situação só mudou quando uma oficial se tornou vítima, em fevereiro de 2018.
Segundo uma pesquisa de 2015, 25% das mulheres que atuam em alguma instituição policial já sofreram assédio sexual. Entre as que sofreram assédio, só 12% registraram o crime. E quando o abusador é um superior hierárquico, cresce o medo de represálias. Doutor Bacana também respondeu por supressão ou ocultação de documentos.
A mesa-redonda de sexta-feira leva o sugestivo nome de “Assédio Seual não é Bacana”. O debate dará publicidade à adesão de entidades civis de Maringá e região ao movimento em busca de justiça. O movimento foi deflagrado pela Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos Inativos e Pensionistas (AMAI), Associação da Vila Militar (AVM), Associação dos Oficiais Policiais e Bombeiros Militares do Estado do Paraná (ASSOFEPAR), Clube dos Oficiais da PMPR, Associação dos Policiais Militares do Litoral (APML) e Sociedade Beneficente dos Subtenentes e Sargentos (SBSS), com apoio do Ministério Público do Paraná.
Aberto à população, o evento poderá receber até 50 pessoas no plenário da Câmara, local da mesa-redonda. O limite de ocupação segue os protocolos sanitários em função da Covid-19.
