
O jornalista Fábio Campana, que morreu ontem no início da noite, em Curitiba, aos 74 anos, por causa da Covid, foi uma espécie de guru de muitos políticos paranaenses, da esquerda à direita. Talvez um dos mais próximos dele tenha sido Roberto Requião, de quem foi secretário de Comunicação Social quando o emedebista era governador, na década de 1990. A morte dele foi lamentada por muitos destes líderes, vários deles se referindo ao jornalista como conselheiro. Mas, Campana, apreciador de boas comidas e de vinhos, era muito mais que um conselheiro. Gostava de futebol e torcia para o Atlético paranaense. Era escritor, poeta, publicitário e editor. Um homem inquieto, criativo, culto. Foi secretário de Comunicação na Prefeitura de Curitiba e secretário estadual da pasta em três governos. Foi diretor da editora Travessa dos Editores, onde também dirigiu as revistas Et Cetera e Ideias. No jornalismo, além de editor de seu blog por 15 anos, foi editor da revista “Atenção” e do jornal Correio de Notícias. Trabalhou como colunista político dos jornais Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Tribuna do Paraná, Gazeta do Paraná e Tribuna do Norte. Foi comentarista de política das rádios BandNews, Banda B e CBN no Paraná. Como repórter, escreveu matérias marcantes, como “Sodomia, suor e látego”, publicada na extinta Revista Panorama, em 1979. A reportagem denunciava as condições do sistema prisional juvenil do Paraná. Como publicitário, trabalhou nas agências Equipe e Exclam. No campo do marketing político, atuou em diversas campanhas para governador do Paraná e em inúmeras campanhas para prefeituras, além de ter dirigido a comunicação das campanhas presidenciais que elegeram dois presidentes do Paraguai: as de Juan Carlos Wasmosy (1993) e de Raúl Cubas Grau (1998). Campana também militou na política partidária, tendo sido filiado ao Partido Comunista em 1960 e ao PC do B até 1981, quando deixou a sigla. Foi preso político em 1966 e em 1970. Casado com a psicóloga e professora Denise de Camargo desde 1975, Fábio deixa também dois filhos e um neto. Antonio, por sinal, era uma de suas paixões. Postava sempre fotos do neto e com o neto nas redes sociais. Apaixonado também pela capital e seus “cantos” gastrônomicos, definia a cidade numa linha, parafraseada de Décio Pignatari: “Curitiba é ótima para viver. Difícil para conviver”.