A motociata, o bigode de Hitler e o dia recorde da inflação

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Eleitores em êxtase como se não houvesse o amanhã, Renan (o Zero Quatro) usando cabelo e bigode de Hitler, acesso gratuito à Feira para garantir a claque. Foi a passagem de Jair Bolsonaro por Maringá. Motivo oficial para a visita: assinar o contrato de projeto e execução dos 13 km iniciais do Contorno Sul Metropolitano, desviando tráfego da BR -376 em Maringá, Sarandi e Marialva. Motivo real: fazer campanha. Que começou por mais uma motociata, cuja prática já havia suscitado, até dezembro do ano passado, pelo menos 50 pedidos via Lei de Acesso à Informação. Cada motociata custa aos cofres públicos em média R$ 260 mil, somando as despesas de cartão corporativo do governo federal e gastos dos Estados com reforço na segurança da comitiva presidencial e da população. Tudo isso no dia em que a inflação acelerou 1,62% em março (batendo 12,13% no acumulado) perfazendo a taxa mais elevada para este mês nos últimos 28 anos, recorde desde o início do Plano Real. No discurso, nenhuma palavra sobre uma eventual obra de grande alcance social (escola, hospital) ou medida enérgica e competente para aplacar a fome ($) da banqueirada. Enquanto isso, o País desaba: Bolsonaro e filhos, Pazuello, Braga Netto (entre outros) envolvidos na “caixa preta” dos cartões de crédito corporativo e nos documentos com sigilo por 100 anos, superfaturamentos, tragédia da Covid-19, negociatas, preço do gás nas alturas, gasolina e diesel idem, inflação e desemprego de dois dígitos, destruição dos direitos trabalhistas, crescimento pífio, volta da fome, desmatamento recorde da Amazônia, população de rua só aumentando, gente se estapeando para disputar cebola em promoção num supermercado de Planaltina, desastre da Educação, por aí vai.

Ao fundo, Jair Renan Filho (Zero 4) à moda de Adolf Hitler (foto Facebook de Ulisses Maia)

A corrupção ficou, digamos, mais sofisticada, e em vez de Petrolão, Mensalão, agora é vazamento de informações sofisticadas sobre negócios de estatais (fazendo espertalhões ganharem milhões do dia para a noite no mercado de ações), venda (sem licitação) de uma carteira de créditos do BB no valor de R$ 3 bilhões para banco privado (BTG) por irrisórios pouco mais de R$ 300 milhões. Ou seja, o BTG pagou R$ 300 mi ao governo e vai receber R$ 3 bi lá na frente, já que a carteira negociada trata de recebíveis. Sem contar a nebulosa venda da lucrativa BR Distribuidora para um pool de bancos, sem leilão, na cara da freguesia. Sem contar a nebulosa venda dos gasodutos e oleodutos da Petrobrás para uma multinacional que ainda ganhou de lambuja o direito de explorar em aluguel, por três anos, os dutos e faturar exatamente o que ela pagou ao governo brasileiro pela tubulação. Sem falar também na liberação de dinheiro público para as hienas do Centrão tocarem a farra na forma das famigeradas emendas secretas. A lista é grande. E não vale rebater apontando o dedo para as mazelas do sapo coxudo. Por falar nisso, corre nos bastidores que, em caso de derrota nas urnas, Bolsonaro, para não insuflar o golpe, negociará a cara dele e dos filhos do aprisionamento em Bangu 8. Por sinal, já não é segredo nem para as emas do Alvorada que se Carluxo (o Zero Dois) abrir a boca para falar tudo o que sabe sobre as fake News propagadas durante e depois das eleições de 2018, via Gabinete do Ódio, ele leva o pai junto para o complexo penitenciário da zona oeste do Rio. Ah, e dizem que a roubalheira do então deputado nas verbas de combustível (tem notas fiscais inclusive, é só ir no Google) e na comilança do salário de ex-assessores parlamentares é fichinha perto da gatunagem de agora. Ah, e antes que perguntem por quê a grande imprensa não denuncia esta pilhagem, a resposta é simples: ela faz parte do sistema que lucra (e muito) com a alta taxa de juros. Taxa esta definida pelo Banco Central. Em outras palavras, pelo governo. Tem dono de emissora de TV que também é dono de banco. Ficam distraindo a patota em horário nobre noticiando a predileção do presidente pelos assuntos ligados à moral cristã.


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