67 anos de um tiro que ecoou pelo Brasil inteiro

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Amanhã, completa 54 anos que o ex-presidente da República, Getúlio Vargas (foto), tirou a própria vida com um tiro no peito. Ocorrido na madrugada de 24 de agosto de 1954, o gesto extremo causou perplexidade de tal grandeza na população brasileira que escolas liberaram os alunos, o comércio fechou e as fábricas desligaram as máquinas. Vargas cometeu o suicídio para impedir que uma conspiração de direita completasse o golpe. O tiro trágico aconteceu depois que ele recebeu a informação de que os altos comandos militares exigiam de Vargas o licenciamento do cargo de presidente do Brasil como condição para a solução da crise política no governo. Pelo conjunto da obra, ele, chamado de o Pai dos Pobres, passou para a história como um dos maiores estadistas do País. Conjunto este traduzido na legislação trabalhista, montagem do Estado Nacional e na construção da indústria de base, principalmente. Vargas deixou a Carta Testamento. A mensagem final sinalizava caminhos para o Brasil se encontrar com a soberania, o desenvolvimento e o equilíbrio social.

Carta-testamento

“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”


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